domingo, 5 de abril de 2015

Crônica Do Treze / Caçuá De Crônicas Do Suaçui * Antonio Cabral Filho - Rj

*
(botefee.blogspot.com)

CRÔNICA DO TREZE
*
Treze é número diabólico,
não há mesmo quem o negue,
mas todo bruxo procura
um diabo que os carregue.
*

Dizem que astrologicamente é neutro, mas o azar campeia na sexta-feira treze!
Particularmente, 
não tenho superstição, mas creio no seu parentesco com as bruxas: que ambas existem, existem.
Por exemplo, as letras A e C , iniciais dos nomes meu e de meu pai, serem usadas como marca gravadas nos animais, não seria espiritualmente correto, por lembrarem " Anti Cristo".
Porém, lhe sugeriram convertê-las em números, e, desde então o 13 virou seu patuá.
Era treze no cordão, no anel, na fivela do cinto, nas camisas do Cruzeiro, nos bonés etc. 
Mas tinham também os treze especiais, como na porteira da fazenda, para espantar olho-grande; nas portas de nossa casa contra todo tipo de mal; na coronha do rifle para dar sorte nas caçadas; até descobrir que seu nome, Antonio Cabral, tinha treze letras. Passou a gostar tanto do número treze que registrou-me como nascido no dia treze, mesmo sabendo que foi no dia 14.
Meu pai não gostava de nada preto. Nada. Nem cachorro, nem gato, nem galo e muito menos cavalo, devido à ideia de que o cavalo banco é que atraía fluídos positivos e por ser a cor do cavalo de São Jorge. 
Mas, certa vez, catirando ali pelas imediações da Usiminas, viu um potrinho preto retinto com uma lua branca bem no meio da testa tão bonito, mas tão bonito, que ficou fascindo com ele e comprou-o. No primeiro dia treze seguinte, marcou-o com o treze bem na testa, bem no meio da lua branca. Foi o mais lindo cavalo árabe já visto no Vale do Aço mineiro.
Papai dizia que ninguém roubava nosso gado nem nossos animais graças ao treze da marca, devido à superstição.

Certo ou não, quem sou eu pra discutir o assunto... Mas que é verdade é, ninguém roubava nossos bichos.
***

Nenhum comentário:

Postar um comentário